O ato de roncar na sociedade é comumente menosprezado ou até eventualmente associado a gozações e chateação junto ao roncador ou junto a aqueles que o cercam – em alguns casos porque isso chega a comprometer até a convivência entre essas pessoas – porém na enorme maioria dos casos o ronco é um sintoma de algo muito mais sério que esconde uma doença silenciosa, a Apnéia Obstrutiva do Sono.
Por diversas características, sejam elas genéticas, comportamentais ou situacionais, na medida em que o quadro de um indivíduo vai se acentuando com o som do ronco gerado pela vibração dos seus tecidos durante a passagem de ar com maior dificuldade pela sua garganta devido ao estreitamento da área, a garganta fica cada vez mais estreita podendo fechar completamente, caracterizando paradas da respiração durante o sono – são as chamadas Apnéias. Ocorre queda da oxigenação do sangue e, para retornar o padrão respiratório o indivíduo tem despertares curtos e frequentes durante o sono. Devido aos diversos despertares breves e inconscientes, em que o indivíduo não lembra que despertou várias vezes na noite, daí o sono fica fragmentado e com baixa qualidade. Com isso, mesmo que o sujeito tenha dormido o tempo de sono necessário, a fragmentação do sono irá gerar ao acordar a sensação que o sono foi insuficiente e de má qualidade.
Além do ronco, a sonolência excessiva diurna é um dos principais sintomas da apnéia obstrutiva do sono. Outras consequências são: falta de atenção e memória; alterações de humor (depressão, principalmente), ansiedade e irritabilidade; maior risco para acidentes e por fim até doenças como hipertensão arterial, diabete mellitus e obesidade.
Um terço da população tem apneia obstrutiva do sono. Os fatores de risco são: sexo masculino, idade acima dos 45 anos, obesidade, doenças de nariz e garganta, alterações dos ossos da face e hábitos como ingerir álcool em excesso, fumar e usar medicações sedativas. O diagnóstico da apneia do sono é feito por um médico especialista em Medicina do Sono que examina o paciente e entre outras possibilidades pode solicitar um exame que registra durante a noite essas paradas respiratórias e outras atividades do organismo para o correto diagnóstico de tratamento. Esse exame é chamado de Polissonografia, pode ser realizado em laboratórios de Sono ou, em alguns casos, na casa do paciente.
Em geral o tratamento envolve várias medidas associadas, tais como: procurar ter bons hábitos de sono, controlar e diminuir o peso com uma alimentação adequada e práticas de exercícios, tratar doenças de nariz e garganta, evitar privação de sono, uso excessivo de bebidas alcoólica e tabagismo assim como também o uso de remédios para dormir sem orientação médica. Alguns tratamentos específicos podem ser necessários também: uso de aparelhos com pressão de ar sob máscara nasal (CPAP), uso de aparelhos intra-orais, cirurgias nasais, de garganta ou face, treinamento dos músculos da garganta com fonoterapia ou estimulação elétrica desses músculos.
O papel do Médico do Sono é associar e acompanhar o melhor tratamento para o seu caso.